Modest Mouse - Good News For People Who Love Bad News(2004)
Posted by Thales S. | Posted in Alternative , Indie , Modest Mouse | Posted on 23:31
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01. "Horn Intro" - 0:09
02. "The World at Large" - 4:32
03. "Float On" - 3:28
04. "Ocean Breathes Salty" - 3:49
05. "Dig Your Grave" - 0:12
06. "Bury Me With It" - 3:49
07. "Dance Hall" - 2:57
08. "Bukowski" - 4:14
09. "This Devil's Workday" - 2:19
10. "The View" - 4:13
11. "Satin in a Coffin" - 2:35
12. "Interlude (Milo)" - 0:58
13. "Blame It on the Tetons" - 5:24
14. "Black Cadillacs" - 2:43
15. "One Chance" - 3:04
16. "The Good Times Are Killing Me" - 4:16
Um tom sobrenatural perspassa todo o trabalho do Modest Mouse. De longe, ele parece ser composto de músicas simples e diretas. De perto, as mesmas músicas revelam ter camadas e camadas de sons, professando uma ciência mística e intricada. Tal é a história da banda: simples e direta — a não ser que se comece a remexer em rumores e fichas policiais.O embrião do Modest Mouse criou-se em 1987, quando Isaac Brock, Eric Judy e Jeremiah Green, companheiros de escola, tiravam um som em Issaquah, no estado de Washington, Estados Unidos. O que os garotos consideravam seu estúdio era uma sala improvisada, perto da casa da mãe de Brock. Nem mesmo uma breve mudança de Judy para outro estado impediu que a turma continuasse trocando idéias para músicas. Os rapazes começaram a levar tão a sério que até decidiram batizar a colaboração. Contam os mitos contemporâneos que o nome provisório de Modest Mouse foi inspiração de Brock, depois de ler no colégio o conto The Mark on the Wall, da Virginia Wolf, que descrevia a classe média trabalhadora como “modest mouse-coloured people […]”. Duas décadas depois, além de nem mais se lembrar do que se trata a história, Brock se diz arrependido de ter acabado com um nome tão bonitinho para a sua banda.E Modest Mouse foi o que a K Records estampou no primeiro lançamento do grupo, o EP Blue Cadet-3, Do You Connect?, de 1994. Desta época também datam as músicas do disco Sad Sappy Sucker, só lançado em 2001, e que deveria ser o disco de estréia da banda.Logo depois do primeiro EP e do disco engavetado, o Modest Mouse trocou de gravadora. Pela Up Records, lançaram em 1996 o disco This Is A Long Drive For Someone With Nothing To Think About. O produtor do álbum foi Steve Wold, também membro do grupo na época. O disco de estréia já veio com um título-épico, marca registrada da banda (“trabalhamos muito tempo nos títulos dos discos a fim de dar um ar de coerência para a coleção de músicas”, brinca Isaac Brock). E o título rendeu: talvez sugestionada por ele, há a associação corrente do trabalho do Modest Mouse com o termo “música para dirigir”. O EP Interstate 8 veio logo a seguir, coroando o estágio prolífico em lançamentos.The Lonesome Crowded West, o segundo disco do Modest Mouse, não tardou muito: em 1997 estava nas lojas desbravando a simpatia do público e da crítica. Desde então, a música estilosa do Modest Mouse é cada vez mais marcada pelas letras aos borbotões, com visitas freqüentes aos temas da vida sufocada pela sociedade urbana e da ânsia de explorar lugares inóspitos. Em 1999, a Up lançou Building Nothing Out of Something, uma coletânea de singles e raridades, que incluía praticamente todo o EP Interstate 8.2000 foi agraciado com a obra-prima do Modest Mouse até os dias atuais, o disco The Moon and Antarctica, lançado pela Epic Records. A música Gravity Rides Everything chegou a ser usada em um comercial da Nissan, em um inesperado (mas, segundo Isaac Brock, necessário) truque financeiro. O disco mais exuberante, o comercial de carro e a mudança para uma gravadora do porte da Epic renderam acusações ao Modest Mouse de terem vendido a alma. Questionada em entrevistas, a banda demonstrou um profundo desgosto contra os princípios morais impostos por alguns fãs às bandas independentes, que dizem que essas não deveriam em circunstância alguma viveram da sua música.Polêmicas à parte, The Moon and Antarctica é o exemplo máximo das referências à cultura e à ciência pop que tanto pontuam a obra do Modest Mouse. O título já marca o passo: The Moon and Antarctica aparece em um jornal que Deckard lê no filme Blade Runner (a manchete toda diz “Farming the Oceans, the Moon and Antarctica”). As letras seguem o ritmo dado pelo título, abordando metafísica e morte, a fragilidade da existência, a vida em outros planetas, consumismo, o universo e tudo mais. Sem perder o folêgo, acrescente-se. Para usar do mesmo truque e descrever o disco a partir de algumas referências pop e outras mais obscuras, o álbum tem o humor e as preocupações de um Douglas Adams e a maluquice de um Billy Childish.As sobras de estúdio do The Moon and Antarctica foram lançadas já em 2001 no EP Everywhere & His Nasty Parlour Tricks. Foi nesse ano também que finalmente acabou o ostracismo do disco Sad Sappy Sucker, gravado e esquecido desde 1994. Logo depois, em 2002, o Modest Mouse participou da turnê Unlimited Sunshine, ao lado de nomes como Cake e Flaming Lips.Após os agitados dois primeiros anos do milênio, Isaac Brock deu um tempo no Modest Mouse para lançar um disco com o seu projeto paralelo, Ugly Casanova. Ainda exaurido, o grupo enfrentou em 2003 a saída do baterista Jeremiah Green. A nota oficial para a imprensa dizia que ele queria mais tempo para o seu projeto paralelo, a banda Vells. No entanto, especula-se que o motivo tenha sido esgotamento nervoso. Dois novos nomes vieram ao socorro do grupo: o baterista Benjamin Weikel e o guitarrista Dann Gallucci. Gallucci, na verdade, já havia colaborado com o Modest Mouse na época do Sad Sappy Sucker, e é figurinha habitual na história da banda.O ano de 2004 trouxe o disco Good News For People Who Love Bad News, o retorno do baterista Jeremiah Green, e tudo passou a ser como era antes. Benjamin Weikel voltou a tocar exclusivamente com o seu grupo, The Helio Sequence, e Dann Gallucci encerrou mais uma de suas breves colaborações no Modest Mouse. Nos shows, a banda contou então com o guitarrista Hutch Harris.Good News … acabou ofuscado pelo disco anterior. Afinal, ainda em 2004 uma nova edição de The Moon and Antarctica veio à tona, contando com uma nova produção e algumas faixas ao vivo gravadas para a BBC. Isaac Brock justificou o prematuro relançamento pelo fato de ele não ter ficado satisfeito com a versão original. Ele iria até mesmo remixá-lo por conta própria, com seu próprio dinheiro e tempo, e portanto a proposta da Epic foi mais do que oportuna. O perfeccionismo de Brock parece ter dado certo. O nome do Modest Mouse chegou a ser citado na suprema corte dos Estados Unidos como um exemplo de banda “independente” no caso MGM contra Grokster (2005).Em 2007, sob produção de Dennis Herring, o disco We Were Dead Before the Ship Even Sank marcou a inclusão de Johnny Marr (The Smiths) no Modest Mouse. We Were Dead …, com seus cantos épicos e muitos barulhos escondidos, parece ter herdado o legado de The Moon and Antarctica, mais do que o disco-interlúdio Good News For People Who Love Bad News. Se as audições menos atentas já entregam a belíssima Missed the Boat, não é impossível imaginar outras pérolas que se revelam ao mergulhar no We Were Dead …. Uma curiosidade são os divertidos vídeo-clipes para essa música, feitos por fãs para um concurso promovido pela banda.Depois de uma turnê em 2008 abrindo para o REM nos Estados Unidos e Canadá, o Modest Mouse tirou uma folga das estradas e dos estúdios. Em agosto de 2009, eles recolheram as sobras de estúdio e lados-B dos seus dois últimos discos, Good News for People Who Love Bad News e We Were Dead Before the Ship Even Sank, e, mantendo a tradição, lançaram mais um trabalho de título épico: o EP No One’s First, and You’re Next.A música Float On é uma das mais executadas no meu lastfm. Lembro de quando ouvi pela primeira vez na MTV. Era tão cativante. Simples. Daquelas que podemos ouvir por horas e horas sem cansar. Demorei um bom tempo para poder ouvir o material completo do disco que tem Float On (o excelente Good News for People Who Love Bad News de 2004) ou do disco seguinte We Were Dead Before the Ship Even Sank de 2007.Foi uma boa alegria descobrir que o clima “pirata” está em todas as músicas. E ao contrário do que acontece no Gogol Bordello, o Modest Mouse tem um jeito calmo de andar na prancha. Até pede uma boa dose de alcool, mas nada demais.
Nota: 8,5
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