Bloc Party - Intimacy UK Edition(2008)

Posted by Thales S. | Posted in , , | Posted on 18:39


Faixas:
01. Ares
02. Mercury
03. Halo
04. Biko
05. Trojan Horse
06. Signs
07. One Month Off
08. Zephyrus
09. Talons
10. Better Than Heaven
11. Ion Square
12. Letter to My Son
13. Your Visits are Getting Shorter

Em cima do muro. Essa é a metáfora que melhor define o Bloc Party no momento. O quarteto inglês lançou o Intimacy em 2008, o terceiro da carreira, e busca manter o status de ser uma das melhores bandas que surgiram nos últimos anos. Esse é, aliás, um dos lançamentos mais surpreendentes do ano. Surpreendente no sentido literal do termo, pois é praticamente inconcebível hoje acreditar que uma banda anuncie o lançamento de um disco com apenas três ou quatro dias de antecedência, sem que nem sequer alguma informação sobre isso tenha vazado previamente na rede. Um mistério em tempos de internet.Carregando o fardo de terem feito um excelente disco de estréia, Silent Alarm (2005), mas um segundo, A Weekend In The City (2007), que, embora também ótimo, trilhou um caminho diferente, o que desagradou um pouco a crítica, a expectativa sobre o terceiro trabalho do Bloc Party era grande.O problema é que ao ouvir o recém-lançado Intimacy, que saiu há exatamente uma semana em formato digital, a impressão que se tem é justamente aquela a que me referi no início, de que o Bloc Party parece estar "em cima do muro". Intimacy é um trabalho carregado de duplicidade, o que, por sinal, já se podia esperar diante das declarações dos integrantes do grupo nos últimos dias, de que este seria um álbum 50% experimental e 50% "classic Bloc Party". O fato que reforça essa caráter dual ou "dividido" de Intimacy é a produção, assinada por Paul Epworth (que trabalhou com a banda em Silent Alarm) e Jacknife Lee (que produziu A Weekend In The City).Intimacy é um disco de uma banda que tenta amadurecer musicalmente, mas não sabe ainda exatamente que caminho deve seguir. Vive o dilema de ter que optar pela agitação ou pela introspecção. Tenta mesclar um rock mais tradicional, cheio de influências dos anos 70 e 80, e a música eletrônica, ora pendendo mais para um lado do que para outro, tentando um equilíbrio que nem sempre é alcançado plenamente.Mas, ponderando bem as coisas, há muito mais acertos que erros em Intimacy. O saldo é positivo para o Bloc Party. Não há neste CD uma faixa arrasadora como Banquet ou Helicopter. Porém Intimacy está mais para Silent Alarm do que A Weekend In The City, ainda que os temas continuem profundos como os das músicas do segundo álbum da banda. Observe que as letras fazem referência da mitologia clássica a vírus de computador. Ou seja, o antigo e o novo convivem - ou pelo menos tentam - no Bloc Party.O álbum começa bem com a agitadíssima Ares, cheia de distorções de guitarra, uma música eletrizante. E a peteca não cai com Mercury, a segunda faixa e o primeiro single de Intimacy, que, apesar de não ser tão rock quanto a primeira, é uma música bem dançante. Para quem não se lembra, Mercury é aquela faixa misteriosa com um clipe doido. Entra em cena então Halo, a faixa mais roqueira do CD. Rápida e com guitarras poderosas, é uma das músicas mais pesadas já produzidas pelo Bloc Party.Biko começa como uma baladinha tranqüila, mas ganha lá pela metade um batidão eletrônico, sem, contudo, perder a docilidade, garantida pelo vocal suave de Kele Okereke. Depois vem Trojan Horse, a faixa que já rendeu piadinhas no Orkut do tipo: "os caras já nem disfarçam mais na hora de criar vírus". Aí sim temos a mistura bem dosada de rock com música eletrônica.Mas no meio da barulheira que toma conta do CD até a faixa 6, surge a belíssima Signs. É a faixa mais simples do CD, só tem a voz de Kele Okereke e uma melodia agradabilíssima com xilofones e violinos. Mas é justamente na simplicidade que reside seu maior mérito: Signs é daquelas músicas que cativam logo na primeira audição. É a calmaria em meio à tempestade eletrônica. De longe, Signs e Ion Square são as faixas que mais me agradaram em Intimacy.A seguir temos One Month Off, que segue a linha de Trojan Horse e é outra música pra não deixar ninguém parado. Sua melodia gruda mais na cabeça, daria um bom single.
Zephyrus é a faixa mais experimental de Intimacy, totalmente eletrônica, mas com um coro no fundo que lhe dá um caráter épico. Algo improvável, mas Zephyrus é exatamente isso: uma eletrônica-épica. Já Better Than Heaven é mais complexa. Começa parecendo mais uma faixa perfeita para as pistas de dança. Só que tem um clima mais sinistro. Sua atmosfera vai ficando mais pesada e somente lá pelos 3 minutos de duração é que aparecem instrumentos como guitarra e bateria.Para fechar Intimacy surge a longa Ion Square, com seus mais de 6 minutos. Outra faixa complexa. Começa a la Arcade Fire, com direito a teclados e violinos e Kele inspiradíssimo nos vocais. Gradativamente vai crescendo, ficando mais intensa, ganhando aqui e ali colagens eletrônicas, sem, no entanto, perder o caráter intimista do início. Termina épica: atinge um auge de diversidade sonora e morre numa leve batida eletrônica.
E assim caminha o Bloc Party: tentando agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo. Por enquanto, os caras têm se saído bem na tarefa. Ouça Intimacy sem medo. O Bloc Party mais uma vez produziu um excelente disco.

Nota:8,5

Download: http://www.4shared.com/file/221109658/df3418b5/Bloc_Party_-_Intimacy_2008.html

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